Agora há pouco lia um livro onde a protagonista, uma inglesa charmosa e inteligente, de súbito encontra sua vida perfeita sendo estraçalhada, infortúnio após infortúnio. Tantas dores a rodeavam que em certo ponto mal conseguia ela chorar.
Grande impacto tudo isto teve em sua arte, tão única e melodiosa. Uma saxofonista, uma das únicas, creio eu. Tudo em sua vida tornava-se melancólico, insatisfeito, insaciável, terrível e assustador.
Até que finalmente ela atinge o fundo do mais profundo abismo que uma mulher pode chegar, o som de seu saxofone era como o vibrar profundo dos deuses do mar. Cassandra em seu ninho final, cantando no oceano as mágoas de um amor partido. Esta mulher tocava aquele saxofone como se tudo em seu mundo fossem notas dissonantes em escalas quebradas. Como se não houvesse tempo em sua melodia e o som eram lágrimas em um céu sem estrelas.
Encontro imenso interesse em perceber que em nossa arte, ilustram-se extremos. Poucos momentos podemos criar tão bem quanto quando precisamos criar algo. Nós criamos a arte por nossa alma, nosso espírito.